Você recebeu o diagnóstico de hanseníase e está assustado, já que essa doença carrega um estigma social importante. Deve estar com vergonha, não quer que ninguém saiba, com medo de discriminação. Aposto que está até pensando que vai ser mandado embora do emprego, porque vão ficar com medo que você transmita a doença.
A melhor arma contra o medo do desconhecido é procurar aprender sobre ele. Nós, do Dermatologia & Saúde, entendemos que o tema é árido e os termos técnicos são quase ininteligíveis para quem não é da área da saúde. Nomes complicados assustam mais ainda. Vamos acabar com esse sofrimento?
O que é hanseníase?
A hanseníase é uma doença infecciosa causada por uma micobactéria, chamada Mycobacterium leprae ou Bacilo de Hansen. É uma doença que pode envolver a pele e também os nervos. Quanto mais você demora a procurar tratamento, mais tempo vai dando para as micobactérias se multiplicarem e comprometerem esses nervos, levando às temidas sequelas. Por isso é tão importante tratar bem no início.
Nem todos as pessoas que entram em contato com as bactérias adoecem, pois a maioria possui capacidade de defesa dentro do próprio organismo contra os bacilos. Aqueles que não possuem a capacidade de destruir as bactérias com sua imunidade podem desenvolver duas formas clínicas da doença: paucibacilar (de uma a cinco lesões de pele e pouca quantidade de bactérias) e multibacilar (mais de cinco lesões de pele e alta carga de bactérias).
Quais são os sinais e sintomas da doença?
- Manchas brancas, avermelhadas e/ou acastanhadas pelo corpo que geralmente (mas nem sempre) são dormentes e que muitas vezes estão em áreas pouco visíveis, como região glútea (das nádegas)
- Áreas de pele com diminuição do suor
- Áreas de pele com diminuição dos pelos, principalmente nas sobrancelhas
- Diminuição da sensibilidade a dor, calor ou tato. A pessoa pode se queimar sem perceber
- Sensação de dor e choque no trajeto dos nervos
- Diminuição da força nos músculos dos braços e mãos, por inflamação dos nervos que podem estar mais grossos e palpáveis
- Feridas abertas (úlceras) nas pernas e pés
- Caroços vermelhos dolorosos pelo corpo
- Emagrecimento
- Mal estar geral.
Como é transmitida?
A pessoa que tem hanseníase na forma multibacilar e não está se tratando elimina as bactérias por via respiratória (tosse, espirros, secreções nasais). Quando entra em contato com um indivíduo sadio, pode transmitir a doença (lembrando que muitas pessoas, mesmo em contato com multibacilares, não desenvolvem hanseníase, pois seu próprio sistema imunológico combate a micobactéria).
Assim que se inicia o tratamento, já não há mais transmissão, lembrando que só quem tem a forma multibacilar pode repassar a doença . A hanseníase não se transmite por compartilhamento de pratos, copos e talheres, contato com bancos ou assentos, beijos, apertos de mãos, abraços, picadas de inseto, relações sexuais, aleitamento materno, doação de sangue nem durante a gravidez.
A fase entre o contato com a bactéria e o início da doença pode demorar de dois a cinco anos.
Como confirmar o diagnóstico?
A confirmação da doença se dá pela avaliação clínica. São analisados os sinais e sintomas com exame de toda a pele, olhos, nervos, avaliação da força muscular. Em alguns casos, exames complementares podem necessários, como biópsia da pele e pesquisa da quantidade de bacilos.
Dra. Maria Teresa Pereira Soares
Médica Dermatologista
CRM-MG 35902 | RQE 11669
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Dra. Caroline Martins Brandão
Médica Dermatologista
CRM-PARÁ 10082
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