O que é cobreiro?

Cobreiro é o nome que nossos antepassados deram à manifestação na pele do Zóster, que é a reativação da catapora/varicela

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30O nome cobreiro perde-se na poeira da antiguidade. De norte a sul não há quem não conheça este termo. E suas modalidades de tratamento, benzeções, significados, banhos e chás para reverter. A palavra talvez derive de “cobrelo”, cobra pequena, na presunção, no passado, de que a doença fosse causada por animais peçonhentos (cobra, aranha, etc) que tivessem passado por roupas que a pessoa doente vestiu.

Tradicionalmente na dermatologia, refere-se ao cobreiro como sendo o zoster, que é um “readoecimento” tardio pelo vírus da varicela (catapora) numa pessoa que no passado teve a doença, mesmo que de forma não aparente /subclínica. Geralmente percebe- se uma dormência em uma área do corpo, de um lado ou de outro (por particularidades de acometimento do tecido nervoso, a doença não se manifesta dos dois lados), seguida em dias por formação de vermelhidão, pequenas bolhas agrupadas que depois às vezes se enchem de pus, viram feridas pequenas e formam casquinhas. A doença é auto limitada, durando cerca de 7 a 10 dias.

Pela sua exuberância, pelo surgimento de tantas manifestações numa pele que apresentava-se normal até o inicio da doença, sem causas observadas, o zóster acabou despertando a atenção de nossos avós, que, claro, debruçaram se nele em tentativas de tratar com recursos próprios e que estivessem à mão. Aí surgiram as benzeções, os banhos, chás de ervas caseiras, e infusões. A maioria tem sucesso, afinal… a doença é autolimitada! Ela tem seu curso natural de iniciar, manifestar, tornar-se exuberante, e reverter, sem qualquer interferência.

Mas, enfim, quer melhor arranjo que o contexto de uma doença movimentar em torno dela os conselhos da avó, as rezas, aquilo em que se acredita? Não há dúvida de que ficava mais fácil, no passado, encarar o cobreiro após alguém da comunidade, de confiança, tratar a seu modo. A sensação de segurança e pertença (a um contexto, a uma comunidade) fazem o resto, e o adoecimento fica mais brando. Esse é o papel dos mitos na nossa vida.