O carcinoma de células de Merkel é um tipo raro de tumor de pele. Geralmente se apresenta em forma de nódulos cor de pele ou avermelhados, de crescimento rápido, em pacientes de pele clara acima de 50 anos e em áreas de pele expostas ao sol.
Mas o que são as células de Merkel?
As células de Merkel são encontradas na pele normal e tem ligação com as terminações nervosas que recebem a sensação de toque. O carcinoma de células de Merkel surge quando acontece um crescimento descontrolado destas células, e é também chamado de carcinoma neuroendócrino da pele. Os casos deste câncer praticamente triplicaram nos últimos 20 anos.
Como o câncer de células de Merkel se forma?
Sua causa não é totalmente conhecida, mas os fatores de risco são:
- Idade acima de 50 anos. Mas vale ressaltar que pode ocorrer em qualquer faixa etária.
- Pele clara.
- Exposição solar natural ou artificial prolongada (câmaras de bronzeamento artificial).
- Doenças ou medicações que levem à deficiência do sistema imune, como pacientes HIV positivos, transplantados, portadores de linfoma e leucemia.
- História de outros cânceres de pele.
Foi encontrado um vírus infectando as células do tumor, chamado Poliomavírus. Trata-se de uma infecção que geralmente acontece antes dos 20 anos de idade, com sintomas leves ou mesmo sem qualquer sintoma. Quando o Poliomavírus infecta uma célula, ele pode fazer com que ela cresça de forma errada, gerando um câncer. Cerca de 20% dos pacientes com câncer de células de Merkel não possuem infecção por este vírus, ou seja, ele não é obrigatório para o desenvolvimento da doença.
Sintomas do câncer de Células de Merkel
- Nódulos (“bolinhas”) de cerca de 1 a 5 cm
- Cor avermelhada ou arroxeada
- Brilhosos
- Não dolorosos
- Podem ou não abrir feridas no decorrer da doença
- Geralmente possuem pequenos vasos de sangue na superfície da pele.
Este tipo de câncer de pele tende a crescer rapidamente e espalhar para outras áreas do corpo como pulmões, fígado ou ossos. Aparece preferencialmente nas áreas expostas ao sol como cabeça, pescoço e braços, mas pode aparecer em qualquer área do corpo.
Como saber se tenho essa doença?
Como este tipo de câncer não possui características específicas, geralmente é diagnosticado através da biópsia de pele, quando o médico suspeita de outros tumores de pele como carcinoma basocelular ou mesmo lesões benignas como cistos. Ou seja, o diagnóstico em geral é uma surpresa tanto para o médico quanto para o paciente.
Após o diagnóstico, devem-se realizar outros testes para avaliar a possibilidade de o câncer ter espalhado para outras áreas do corpo (metástases). São exemplos a biópsia de linfonodos, tomografia computadorizada, ressonância magnética e PET scan. Cerca de 40% dos indivíduos apresentam metástases à distância no momento do diagnóstico.
Qual o tratamento?
O tipo de tratamento varia conforme o estágio em que a doença se encontra e se houve disseminação ou não. A cirurgia com a retirada ampla da lesão deve ser realizada o mais rápido possível uma vez que a disseminação do câncer costuma acontecer rapidamente.
Em seguida é realizada a radioterapia no local em que a lesão apareceu, e quimioterapia em caso de metástases. Para alguns pacientes, o tumor não será totalmente eliminado e o tratamento se mantém por prazo indeterminado.
Acompanhamentos após o tratamento
É comum este tipo de câncer de pele ressurgir após o tratamento, na pele, nos linfonodos ou em outros órgãos. Por isso o acompanhamento do paciente após o tratamento deve ser realizado trimestralmente ou semestralmente nos primeiros três anos de doença, com avaliação de toda a pele e linfonodos.
Nesse momento o médico avaliará a possibilidade de retorno do tumor e possíveis efeitos colaterais do tratamento realizado. Conforme cada caso, será necessária a realização periódica também de exames de imagem como raio-x, tomografia ou ressonância.
Os pacientes devem fazer o autoexame da pele mensalmente. Caso algum nódulo ou outra alteração de pele apareça, deve haver retorno ao seu médico imediatamente. Também relatar ao médico qualquer sintoma persistente que venha a ter como dores, tosse, fadiga ou perda de apetite.
Sendo um câncer altamente maligno, mesmo com o tratamento correto ele pode metastizar (espalhar para outras áreas do corpo). Pacientes com imunidade baixa tendem a ter pior prognóstico, assim, encorajamos os pacientes a adotarem um estilo de vida mais saudável com atividades físicas regulares e alimentação equilibrada rica em frutas, verduras e legumes. A nutrição é uma parte importante do tratamento do câncer. Alimentar-se do tipo certo de comidas antes, durante e após o tratamento pode lhe ajudar a sentir-se melhor e mais resistente.
Há algum tratamento novo?
Estudos vêm sido conduzidos para avaliar a respostas do câncer de células de Merkel a novos tratamentos, como:
- Terapias imunológicas: ajudam o sistema imune do paciente a atacar as células tumorais com maior eficiência, como o Pembrolizumab e o Ipilimumab;
- Terapias hormonais: drogas que agem especificamente em células endócrinas como a célula de Merkel, como o Lanreotide e Pasireotide;
- Terapia alvo: atacam somente partes das células tumorais que as fazem diferentes das células normais. Como em toda doença, o tratamento será mais bem sucedido se for feito no início dos sintomas. Então, ao notar qualquer ferida ou espinha que não cicatriza na sua pele procure o médico dermatologista.