O bancário Jairo Montaldi, residente na cidade de São Sebastião do Paraíso (MG), esteve em consulta comigo para acompanhamento do melanoma, câncer de pele que o acometeu. Comentei com ele sobre a semana de conscientização dos riscos do melanoma e ele prontamente se dispôs a dar seu depoimento.
Jairo, 61 anos, sempre se preocupou com câncer de pele. Isto porque passou a infância acompanhando a luta do pai, que teve que retirar o globo ocular e parte do lábio por um tumor de pele. Não tivemos acesso ao exame anatomopatológico e não podemos precisar qual era o tipo de tumor de pele, mas o alerta valeu para o senhor Jairo, que notou uma lesão no couro cabeludo e me procurou, em 2009.
Logo notei uma lesão escura, irregular, assimétrica, no couro cabeludo. Ao revelar minhas suspeitas, esperava uma reação completamente diferente da que ocorreu. Jairo disse que iria realizar a cirurgia, que tinha muita fé em Deus e que, se fosse da vontade Dele, tudo daria certo. Após a cirurgia tivemos a feliz notícia de que o melanoma estava no estágio inicial e, desde então, estamos acompanhando o paciente, junto com o oncologista, e não houve metástases nem comprometimento de linfonodos e nem de órgãos internos.
Peguntei a ele qual foi a repercussão do diagnóstico de melanoma na família. Segundo eles, ficaram todos preocupados, e os filhos adolescentes se conscientizaram da necessidade do uso de filtro solar e exame dermatológico de rotina. Mas, muitas vezes, o próprio paciente começava a negligenciar os cuidados com a fotoproteção, com a sensação de que estaria curado. Graças à esposa Suzana, que sempre esteve alerta, Jairo persistiu no uso do filtro solar e nas consultas de rotina para acompanhamento.
O paciente confessa que, se não fosse por insistência da dona Suzana, ele teria negligenciado o seguimento. Nesses sete anos desde o diagnóstico, nas visitas ao meu consultório, já detectamos vários outros tumores de pele (não-melanoma), que foram removidos com margem de segurança. Se não fosse o seguimento do melanoma, esses tumores não teriam sido detectados tão precocemente.
Perguntado sobre qual mensagem gostaria de deixar aos leitores do Dermatologia e Saúde, o senhor Jairo não hesitou em dizer: “Devo minha vida à minha esposa, que sempre observou minhas lesões de pele, fiscalizou a fotoproteção e nunca esperou que eu me lembrasse de marcar as consultas no oncologista. Ela sempre esteve comigo, sempre agendou e me acompanhou a todas elas”, finalizou o bancário.